Idoso
é alfabetizado para ler Bíblia
“Deus está me dando essa
oportunidade”, afirma Lourival, de 94 anos
por Tiago
Abreu
Um idoso de 94 anos residente em Salvador é estudante do programa
Educação para Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal Cidade Vitória da
Conquista, no bairro Itapuã.
“Sempre tive vontade de estudar, mesmo que não fosse para ser um doutor.
Quero saber, ao menos, assinar meu nome. Deus está me dando essa oportunidade e
eu agradeço a Ele todos os dias por isso”, disse Lourival Emídio da Silva, que
está na escola desde os seus 92 anos.
Nascido no município de Guarabira, na Paraíba, Lourival reside em
Salvador há quase 50 anos. Suas aulas se dão no período noturno e seus índices
acadêmicos são bons. Segundo Adriana Cecília, coordenadora da instituição, o
idoso não falta aulas.
“É impressionante a disposição física que ele tem. Não falta as aulas, é
participativo, esforçado, gentil e tem um conhecimento de vida admirável. Ele
traz muita alegria para gente. E tudo que ele mais quer é aprender a ler para
decifrar a Bíblia”, afirmou.
Sua mudança para a Bahia se deu por conta de um serviço que
desempenhava. “Conheço 15 estados, mas o que eu mais gostei foi a Bahia. Me
encantei por esse lugar e resolvi morar aqui. Casei com uma baiana e tivemos
sete filhos”, disse ele.
Uma das causas para estudar, segundo ele, se deu ainda aos seus 25 anos,
quando foi dispensado do Exército, durante o governo de Getúlio Vargas, por não
ter uma formação escolar.
“Tem coisas que marcam a vida da gente. Lembro do dia que fui
dispensando porque não sabia ler nem escrever e isso sempre serviu de motivação
para eu nunca desistir dos estudos”, contou.
“Um camarada sempre dizia para eu ir estudar, mas tinha vergonha, porque
não sabia fazer nem um ‘O’. Um dia tomei coragem e fui. Hoje estou aqui,
aprendendo a juntar as palavras. Já sei até fazer uma parte do meu nome,” acrescentou.
Lourival afirma a importância dos estudos. “Passo na rua e vejo as
crianças sem querer estudar, mas, mesmo assim, eu faço o convite para virem
comigo. E sabe o que elas fazem? Riem da minha cara”, diz.
“A mocidade de hoje em dia está perdendo as coisas boas que tem à
disposição, porque quando eu tinha a idade delas, nunca tive essa oportunidade.
Tudo era muito difícil”, finalizou. Com informações
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