“Se
Lutero vivesse hoje, criticaria os pentecostais”, afirma pastor luterano
por
Jarbas Aragão
Negando as 95 teses que deu origem à Reforma Protestante, e
posteriormente à Igreja Luterana, católicos e luteranos “celebram” juntos os
500 anos do movimento que mudou a história mundial em 1517.
A divisão com a Igreja Católica, que ajudou a formar muitas nações
europeias, também daria origem ao movimento chamado de ‘ContraReforma”, o qual
derramou sangue de milhares de pessoas que negavam-se a submeter-se ao papa.
Em entrevista ao
site alemão DW, o pastor gaúcho Cláudio Kupka, membro da comissão conjunta
luterana do jubileu dos 500 anos da Reforma no Brasil avaliou como está a
situação da Igreja.
Ele conta que durante muitos anos os luteranos, primeira denominação a
usar o nome de evangélicos no Brasil, sofreram discriminação num país
majoritariamente católico. “Era negativo e vergonhoso ser luterano… [hoje] A
situação com a Igreja católica mudou muito. Antigamente, por exemplo, havia
problemas com casamentos mistos entre católicos e luteranos, hoje não. Há uma
aceitação mútua e um respeito muito maior. Com o papa Francisco ficou ainda
mais fácil”, assegura.
Em sua avaliação, “não estamos comemorando uma vitória sobre a Igreja
católica. A Reforma é um processo histórico do qual ambas as Igrejas cresceram.
A Igreja católica também ganhou com a Reforma, ela reviu muitos postulados e se
repensou. Os temas que nos dividiram na Reforma estão superados”.
Se com os católicos ele afirma que há uma boa relação, o mesmo não pode
ser dito sobre os pentecostais. Crítico do movimento, acredita que “eles
ocuparam espaço na mídia e fizeram o termo “evangélico” ser associado ao que
representam”.
Por isso, na busca de se distinguir, Kupka revela que os membros de sua
denominação voltaram a usar “protestante” e valorizar a palavra
“luterano”, o objetivo era “sairmos da ideia de que ser evangélico é estar
interessado no dinheiro e explorar o povo. Há alguns anos, tivemos um debate
sobre o uso da palavra bispo, que é uma autoridade pentecostal, por causa da má
imagem na sociedade. Adotamos então o nome ‘pastor sinodal’”.
Segundo ele, “os neopentecostais rompem com tantos conteúdos básicos da
teologia cristã que, a rigor, não podemos considerá-los uma teologia cristã. Se
Lutero vivesse hoje, ele provavelmente criticaria os pentecostais e
neopentecostais por estarem vendendo salvação”.
Para o pastor luterano, “É uma ironia que agora a TV Record, de
propriedade da Igreja Universal, vá lançar um seriado sobre Lutero. Justamente
a denominação que mais trai os princípios da Reforma vai capitalizar em cima
dessa comemoração”.
Mas essa não é a única questão que distingue os dois grupos. “A
interpretação literal da Bíblia acaba causando divisões e divergências. Por
exemplo, a questão de gênero. Os pentecostais são categóricos que
homossexualidade é pecado e não aceitam ninguém com esta opção sexual. Já os
protestantes tratam o tema com respeito, mesmo que alguns não abençoem uniões
homossexuais”, sublinha.
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