ELEIÇÕES
2018: “EVANGÉLICOS SAEM NA FRENTE, TÊM PRESENÇA NA MÍDIA”, DIZ PESQUISADORA
De coadjuvantes, eles querem
agora o protagonismo, afirma Christina Vital
por
Jarbas Aragão
A pesquisadora da Universidade Federal Fluminense Christina Vital é
co-autora do livro “Religião e Política: Medos Sociais, Extremismo Religioso e
as Eleições”, lançado recentemente. Sua análise sobre a situação política do
país aponta para uma mudança nas eleições em 2018.
Além da expectativa de aumentarem a bancada na Câmara Federal, que hoje
corresponde a 17% dos 513 deputados, eles estariam mirando também o Executivo.
Segundo essa perspectiva, de coadjuvantes, eles querem agora o protagonismo, o
que incluiria a busca de mais postos nas eleições para o executivo.
Em entrevista para
o jornal A Gazeta, Vital é mais uma especialista a acreditar que Jair Bolsonaro
(PSC/RJ) poderia ser um nome de consenso dos evangélicos para a corrida
presidencial no próximo ano.
Olhando em retrospectiva, ela lembra que 2014 foi a primeira vez que
surgiu uma candidatura confessional evangélica para a Presidência, com o pastor
Everaldo (PSC). “Era um momento especial, onde eles deixavam de ser massa
de manobra, pedintes, para serem negociadores”, sublinha.
Embora tenha conseguido menos de 1% dos votos válidos, Everaldo era
apontado nas primeiras pesquisas como um fator de desequilíbrio, que poderia
influenciar o segundo turno.
“No começo da disputa o pastor estava em empate técnico com o Eduardo
Campos (PSB). Eduardo com 7% e ele com 4%, a margem de erro estava em um lugar
que apontava para a possibilidade de 2º turno. E com ele se apresentado ao
grande público mobilizaria a massa evangélica e os números cresceriam”, lembra
Vital.
Contudo, entende a pesquisadora, a morte do Eduardo Campos e o
ressurgimento de Marina Silva (Rede) acabou dividindo o voto evangélico. Como
resultado, nenhum dos dois teve forças para chegar ao segundo turno.
A mudança para 2018 deve ser, principalmente, a nova configuração em
torno do financiamento de campanha. Segundo cientistas políticos, ela será mais
favorável às pessoas “que têm recursos próprios para investir em suas campanhas
e aquelas personalidades muito conhecidas do grande público, lideranças de
massa, midiáticos”.
Se for assim, os evangélicos sairiam na frente, por que várias
lideranças religiosas têm grande presença na mídia. “Em 2018 pode haver uma
grande possibilidade de uma nova mobilização em torno de uma candidatura
evangélica”, aposta a pesquisadora.
STE já pensa em barrar igrejas
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está analisando uma cláusula para impedir o uso do
poder econômico e a influência das igrejas no período eleitoral,
afirmou o presidente da Corte eleitoral, Gilmar Mendes.
“Depois da proibição das doações empresariais pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), hoje quem tem dinheiro? As igrejas. Além do poder de persuasão.
O cidadão reúne 100 mil pessoas num lugar e diz ‘meu candidato é esse’. Estamos
discutindo para cassar isso”, alegou o ministro.
Segundo o ministro, existe o uso da religião para direcionar as eleições,
contando ainda com os recursos das igrejas, sejam eles material ou mesmo o uso
dos templos.
Gilmar Mendes comentou que existe uma tendência para abuso de poder
econômico de “difícil verificação”, sendo necessário a intervenção do TSE.
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