MEC
RETIRA “QUESTÃO DE GÊNERO” DA BASE CURRICULAR
Bancada evangélica acredita ter influenciado
decisão
por
Jarbas Aragão
A Frente Parlamentar Evangélica fez uma visita ao presidente Michel
Temer no Palácio do Planalto horas antes de o MEC (Ministério da Educação)
divulgar o documento que retira as expressões “identidade de gênero” e
“orientação sexual” da base nacional curricular.
Para os representantes da bancada, eles conseguiram convencer o
presidente da República o quão “absurda” era “a pedagogia que busca impor uma
teoria com base sociológica que desconsidera a realidade biológica das crianças
e adolescentes”.
Esse é o teor do ofício entregue em mãos a Temer, que vinha assinado
pelos presidentes das frentes evangélica e da família, Hidezaku Takayama
(PSC/PR) e Alan Rick (PRB/AC), além do vice-presidente da bancada católica,
deputado Flavinho (PSBSP).
Foram entregues ainda outros documentos, que mostram sua contrariedade a
temas como aborto, legalização das drogas e uma resolução sobre o uso de
banheiros pelos transgêneros.
Pouco debatida no Brasil e aprovada ainda no governo Dilma, a resolução
forçaria as escolas a deixar “que a pessoa use o banheiro que desejar”. Assim,
um transexual poderia usar o toalete feminino sem ser vítima de
“discriminação”.
O MEC realmente fez alterações no texto da nova versão do base nacional,
que define o que os alunos precisam aprender da creche ao ensino médio. Ele
serve como parâmetro para que redes e escolas estabeleçam seus currículos.
Foram retiradas as menções que envolvem “identidade de gênero” e
“orientação sexual”, algo que apareciam em versões anteriores do projeto.
O MEC emitiu nota onde afirma que o texto “passou por ajustes finais de
editoração/redação que identificaram redundâncias”.
Quatro deputados que fizeram parte da visita dos evangélicos a Temer disseram à Folha de São Paulo que
o presidente concordava com eles, mas que aquelas eram posições pessoais, não a
voz do Executivo.
Nos últimos dias ele se mostrou contrário a legalização do aborto,
assunto que tramita no STF. Oficialmente, o governo não acredita na necessidade
de mudanças na lei em vigor no país.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, teria se encontrado com os
deputados das frentes evangélica e da família, e teria mostrado “sensibilidade”
à demanda dos religiosos.
Alan Rick, ligado à Igreja Batista, diz que foi uma vitória contra o
“apagão” ideológico.
“Defendo os princípios que a sociedade me cobra. Os pais não querem ver
seus filhos doutrinados. Falam pra mim: ‘Deputado, meu filho vai à escola para
aprender matemática, português, não para ser ensinado que ele pode ter vários
gêneros’. Falam que existe mais de cem gêneros. Isso é uma loucura!” ,
sublinhou.
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