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QUE JESUS MORREU? CONHEÇA QUATRO TEORIAS SOBRE A EXPIAÇÃO
"E ele morreu por todos,
para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles
morreu e ressuscitou." 2 Coríntios 5:15
por
Jarbas Aragão
Uma das crenças mais fundamentais da fé cristã é que Jesus Cristo, o
Filho de Deus, morreu na cruz pelos pecados do mundo. Mas por que ele precisou
morrer? Não haveria outra maneira desse pagamento ser feito em favor dos
pecadores?
Ao longo da história do cristianismo, muitas teorias sobre a doutrina da
expiação foram propostas para se explicar o porquê da morte de Jesus.
Essas teorias de expiação, também chamadas de “modelos” ou
“perspectivas”, podem se sobrepor e por vezes, difíceis de se distinguir.
Adonis Vidu, professor de Teologia do Seminário Teológico
Gordon-Conwell, em Massachusetts, explica que essas ideias não devem ser
consideradas de maneira isoladas. “Cada teoria tenta preservar
importantes motivos bíblicos. A discussão contemporânea não é tanto sobre qual
teoria é a correta, mas sobre como os vários modelos da expiação devem estar
logicamente relacionados uns com os outros”, explica Vidu.
“Não é necessário restringirmos o pensamento a apenas uma delas. Cada
uma afirma verdades importantes, a questão é como todas essas verdades oferecem
uma visão coerente e biblicamente fiel da obra de Cristo”.
Os quatro principais de modelos de expiação defendidos pela maioria dos
teólogos são:
1 – Teoria do Resgate
Baseia-se na imagem de Jesus sendo oferecido como “resgate de muitos”.
Ela defende que o resgate que Cristo pagou para nos redimir foi dado a
Satanás, em cujo reino se encontravam todas as pessoas devido ao pecado.
Essa visão foi sustentada por Orígenes, teólogo de Alexandria que viveu
no século II, e depois dele por alguns outros na história antiga da
igreja. De acordo com esse ponto de vista, Jesus pagou o preço devido a Satanás
pela humanidade, que antes da crucificação do Filho era mantida em escravidão
do Diabo.
Uma variação da teoria do resgate é chamada de “Christus Victor” [Cristo
Vitorioso], que apareceu na década de 1930s e salienta a cruz como a vitória de
Deus sobre o pecado e a morte.
Glenn R. Kreider, professor Seminário Teológico de Dallas, acredita “Das
teorias substituitivas, a do resgate possui benefício de apoio explícito
bíblico. Afinal, Mateus 20:28 e Marcos 10:45 afirmam que Jesus deu a sua vida
como um resgate “.
Contudo, ele faz ressalvas, lembrando que estudiosos têm um problema em
achar que Deus “devia” algo a Satanás, o que daria ao anjo caído um poder maior
do que é atribuído a ele pelas Escrituras.
“Ao longo da história da igreja, houve várias tentativas de responder à
pergunta: a quem foi pago o resgate? A Bíblia não trata disso, concentrando-se
apenas no alto preço de nossa redenção, a vida do Filho de Deus”, ressalta
Kreider.
2 – Teoria da Substituição
Também chamada de Substituição Penal, essa explicação e suas variações
enfatizam o sofrimento de Cristo na cruz como um substituto para a humanidade
pecadora.
Esta teoria considera a expiação de Cristo como um sacrifício vicário e
substitutivo, que satisfaz as exigências da justiça de Deus sobre o pecado.
Através do seu sacrifício, Cristo pagou a penalidade do pecado do homem,
trazendo perdão, imputando justiça e reconciliando o homem com Deus.
Essa é uma teoria muito popular entre os que seguem a linha do
reformador João Calvino, que abordava essa perspectiva em seus escritos.
O professor Kreider afirma se identificar com ela, pois seria a única
“distintamente cristã”. Ele lembra que, desde o início da história da
redenção, a substituição é enfatizada nas Escrituras.
Em Gênesis, “quando Adão e Eva pecaram, Deus matou um animal para
oferecer a eles roupas de pele animal”. Além disso, Jesus é o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo (cf João 1:29), “portanto ele cumpre a
tipologia do sistema sacrificial da Antiga Aliança “, sublinha Kreider.
3 – Teoria do Exemplo
Ela possui pequenas variações nos teorias do Exemplo Moral e da
Influência Moral. Esse modelo se concentra mais na vida de Jesus do que na
crucificação ou na ressurreição.
A teoria do exemplo, à semelhança da teoria da influência moral, nega
que a justiça de Deus exija castigo pelo pecado. Ela defende que a morte de
Cristo simplesmente nos provê um “exemplo” de como devemos confiar em Deus e
obedecer-lhe de modo perfeito, mesmo que essa confiança e obediência nos levem
a uma morte horrível.
A teoria do mero “exemplo moral” é muito criticada por diminuir a
importância da divindade de Jesus, bem como a necessidade de que os pecados
sejam perdoados.
O doutor Robbie Crouse, professor do Seminário Knox, aponta que
este modelo tem “insuficiências notáveis”. “Vejo que o modelo exemplar está na
Escritura, pois devemos seguir o exemplo de Cristo, que se ofereceu na cruz por
amor. Mas da perspectiva de Deus redimindo a humanidade pecadora, ela é muito
limitada”, argumenta.
4 – Teoria da Satisfação
Vista como a precursora da Teoria da Substituição Penal, a Teoria da
Satisfação foi desenvolvida por Anselmo, Arcebispo de Canterbury, que viveu
entre 1033 e 1109.
Anselmo argumentava que o pecado do homem, por falhar em render a Deus
aquela conformidade a Sua vontade, que as criaturas racionais Lhe devem,
insulta a honra de Deus e faz o ofensor responsável por uma satisfação.
Visto que desonrar o infinito Deus é pior do que destruir incontáveis
mundos, até mesmo o menor pecado tem um desvalor infinito, o qual nenhum bem
criado pode compensar por meio de uma satisfação. Embora a natureza de Deus
impeça que Seus propósitos sejam ou possam ser frustrados pela resistência da
criatura, Sua justiça requer que Ele não faça vistas grossas para uma ofensa
tão grande contra Ele.
O teólogo R.C. Sproul explica que “Esse ponto de vista tornou-se a peça
central da ortodoxia cristã clássica na Idade Média, no tocante à compreensão
da igreja sobre a obra de Cristo em Sua expiação”.
Apesar de ser anglicano, a explicação de Anselmo permanece forte em
segmentos dentro da Igreja Católica Romana. Traduzido e adaptado de Christian Post
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