POLÍCIA
INVESTIGA ASSASSINATO EM TEMPLO DA UNIVERSAL
Igreja afirma que espancamento
foi do lado de fora
por
Jarbas Aragão
A Polícia Civil de São Paulo está investigando um assassinato ocorrido
no interior de um dos maiores templos da Igreja Universal: o Templo da Fé de
Santo Amaro, na zona sul de São Paulo. Até o momento, os principais suspeitos
são os seguranças do templo.
No final do ano passado, o desempregado Ronaldo Bispo dos Santos, 48,
pediu para usar um dos banheiros após o encerramento dos cultos. Ele foi
espancado e acabou morrendo quatro dias depois.
Apesar do longo período passado desde o crime, até agora a delegacia do
bairro não conseguiu identificar nenhum dos agressores. Por causa disso, a
Polícia Civil esta semana decidiu transferir o inquérito para o departamento de
homicídios.
Segundo os familiares da vítima, o caso vinha sendo conduzido em sigilo
e muito pouco foi divulgado sobre o andamento das investigações. Até o momento,
13 pessoas foram ouvidas, incluindo responsáveis pela administração do templo e
os membros da equipe de segurança. Ninguém admitiu participação no crime.
Não há imagens internas do templo. Segundo a Universal, as câmeras de
vigilância estavam desligadas para manutenção. A direção da igreja insiste que
pode comprovar isso com documentos e diz que a agressão ocorreu do lado de
fora.
A polícia revelou que as circunstâncias do caso foram reveladas por
Ronaldo que contou tudo à família quando ainda estava consciente no leito do
hospital. Ele teria pedido para usar o banheiro e, sem motivo algum um
segurança passou a agredi-lo e logo outros dois homens participaram da
agressão. O incidente teria ocorrido no estacionamento do prédio.
A mãe da vítima, a aposentada Rosely de Pádua dos Santos, 68, relata que
a vítima teria pedido socorro para dois pastores, mas eles negaram a ajudar.
“Nós queremos é justiça. A de Deus e a dos homens”, pede.
Segundo a família, Ronaldo era católico e não frequentava o templo. Foi
ao local naquele dia para falar com a mulher, Maria do Campo Conceição, 46, que
é membro da igreja. Contudo, eles se desencontraram. Enquanto esperava pelo
ônibus, o homem precisou ir ao banheiro e voltou para o Templo da Fé.
Os exames da polícia mostram que ele teve uma série de traumas,
incluindo o rompimento da alça intestinal em razão das pancadas. Existem ainda
sinais de traumas na cabeça e edema no pulmão (em ambos os lados). Santos ficou
quatro dias internado por causa do espancamento e morreu em consequência dele.
Igreja nega
A Igreja Universal, por sua vez, deixa claro que está colaborando
“ativamente para o completo esclarecimento” do caso. “Ressaltamos que, se
de fato alguma agressão ocorreu, não foi nas dependências do templo da av. João
Dias, pois, conforme relatam testemunhas, este senhor circulou pelas ruas da
região e nas proximidades do templo antes e depois de visitá-lo”, diz o
documento.
A nota diz ainda que a igreja foi procurada pela polícia e prestou
esclarecimentos. “Todos os questionamentos foram respondidos integralmente”,
afirma. A Universal explica que não tem seguranças, apenas “vigilância
patrimonial”, que permanece no templo até as 18h.
“O suposto caso teria ocorrido domingo por volta das 21h, quando as
atividades da igreja já haviam se encerrado, uma vez que o último culto da
noite se inicia às 18h e se encerra por volta das 20h”, assegura a versão da
igreja. “Após esse horário, as providências de apoio à entrada e saída de
pessoas, bem como de movimentação de veículos no estacionamento, são
desempenhadas por voluntários.” Com informações Folha
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