LIVROS COM DOIS MIL
ANOS SERIAM A MAIS ANTIGA REFERÊNCIA A JESUS
Material,
descoberto em 2008, pode ser uma fraude, alertam estudiosos
por Jarbas Aragão.
Um compêndio de 70 livros considerados como as menções mais
antigas a Jesus Cristo foram encontrados na Jordânia, em 2008, pelo beduíno
israelense Hassan Saeda. Feitos de chumbo, os tabletes são presos por anéis,
formando um único volume. Contudo, esse material causou divisão entre os
estudiosos.
Segundo a análise de cristalização realizada pelos peritos da
Universidade de Surrey, a obra tem entre 1,8 mil e 2 mil anos. Os testes de
alta tecnologia utilizaram como comparação uma amostra de chumbo da Roma antiga.
Isso ajudou os estudiosos na comprovação da compatibilidade.
Seu texto é na língua paleo-hebraica, e a mensagem afirma que
Cristo não estava fundando uma religião, mas reafirmando as tradições da era do
Rei Davi. Afirma ainda que Jesus seguia a tradição de um grupo religioso
hebraico que dizia ser capaz de ver a face de Deus no interior do Templo de
Salomão. Estranhamente, essa divindade seria ao mesmo tempo homem e mulher, uma
clara contradição das Escrituras.
Os apóstolos Tiago, Pedro e João também aparecem nos
manuscritos, que mencionam a presença de mulheres no ministério de Jesus. Além
disso, nas bordas eles possuem em relevo uma estrela de 8 pontas, um antigo
símbolo da vinda do Messias. Os arqueólogos Jennifer e David Elkington
iniciaram em 2009 uma campanha em defesa da proteção e reconhecimento desse
material.
O Departamento de Antiguidades de Amã, na Jordânia, cedeu a eles
o volume para fins de estudo. Um dos livros ecoa os textos de Apocalipse, por
conter sete selos. Os códices foram notícia no mundo todo em 2011, quando Ziad
Al-Saad, diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia afirmou que aquela
poderia ser a “descoberta mais importante da história da arqueologia”.
Para a doutora Margaret Barker, ex-presidente da Sociedade de
Estudos do Antigo Testamento, cada um dos livros, que têm entre 5 e 15 páginas,
poderia “desvendar alguns segredos dos primórdios do cristianismo”.
Nesta quarta-feira (30), anunciou-se que eles foram novamente
examinados e comprovou-se que a datação do chumbo realmente é dos tempos de
Jesus. O dr David Elkington afirmou ao jornal The
Mirror: “Apesar de não contradizerem nenhuma das narrativas
conhecidas, os textos enfatizam o templo físico da crença no divino feminino –
chamado de Espírito Santo pelos cristãos – e no papel de Cristo que protegia
uma linhagem de hebreus e não queria fundar seu próprio movimento”.
O pesquisador insiste que eles são “o que aconteceu depois, como
um capítulo que estava faltando nos evangelhos”.
Especialistas alertam
que livros podem ser “fraude”
A maioria dos teólogos rejeitou de pronto essa descoberta,
insistindo que nenhum material que contrarie a revelação bíblia deve ser levado
a sério. Mas os problemas não se resumem a questões doutrinárias.
O tradutor Steve Caruso, especialista em línguas semíticas,
concluiu sua análise dos artefatos dizendo ter uma evidência irrefutável de que
eles são falsos. Examinando os textos, confirmou que ele mistura diferentes
formas de escrita aramaicas velhas – algumas com cerca de 2.500 anos – com
outras formas de escrita mais jovens. Segundo ele, nunca se viu esse tipo de
mistura.
Apesar dos testes indicarem que o material tem dois milênios, o
arqueólogo grego Peter Thonemann, insiste que imagens “anacrônicas”, mostram
uma incongruência de datas. Como também há algumas inscrições em hebraico e
grego nos manuscritos, ele entende que se trata de uma falsificação pois não
“encaixa” no que se conhece de literatura produzida naquela época.
O caso se assemelha ao papiro que falava sobre
uma “esposa” de Jesus. Revelado em 2012, o fragmento de papiro
escrito em copta, antigo idioma egípcio, gerou muita polêmica. Ele foi
defendido como autêntico por Karen King, pesquisadora da renomada Universidade
Harvard. Após ter passado por vários especialistas, foi reiterada sua
veracidade.
Recentemente, quatro anos após ter mostrado o material ao mundo,
Karen King admitiu nesta que tratava-se de uma falsificação. Ela alegou que
também foi enganada, apesar de todos os testes indicarem que o papiro pertencia
ao período histórico que ela defendia. A doutora só admitiu seu
erroapós a publicação de uma investigação profunda do assunto,
realizada pela revista The Atlantic.
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