RECONHECIMENTO DE JERUSALÉM
É “PRIORIDADE” PARA TRUMP; IRÃ FALA EM GUERRA
Proximidade de novo
presidente dos EUA com Israel assusta Oriente Médio
por Jarbas
Aragão.
O novo presidente
dos Estados Unidos, Donald Trump, só assume o posto em 20 de janeiro. Entre as
várias medidas anunciadas por ele durante a campanha, o reconhecimento de
Jerusalém como capital indivisível de Israel passou a ser descrita como
“prioridade”.
Foi isso que disse
uma das principais assessoras da equipe de transição do republicano, Kellyane
Conway, em entrevista a um programa de rádio nesta segunda-feira (12). O jornal The Jerusalem Post mostra que o
primeiro passo para isso seria mudar a embaixada norte-americana de Tel Aviv
para Jerusalém.
“Essa é uma grande
prioridade para o presidente eleito. Ele deixou muito claro durante a
campanha”, explica Conway que dirigiu a campanha do republicano. “Depois da
eleição, ouvi ele repetir isso várias vezes em particular, e até mesmo
publicamente”, ressaltou ela, que agora é uma das “consultoras” de Trump.
“É algo que nosso
amigo Israel, um grande amigo no Oriente Médio, apreciaria. E algo que muitos
judeus americanos se expressaram a favor. É um grande passo. Parece um
movimento fácil de fazer”, reiterou.
Outros presidentes
como o republicano George W.Bush chegaram a falar sobre o assunto, mas nunca
deram passos práticos para o reconhecimento de Jerusalém. A maior parte dos
países reconhece Tel Aviv como a capital do país e por isso mantém suas
embaixadas lá. Recentemente o Brasil deixou
de reconhecer Jerusalém como capital do Estado judeu.
Também neste
domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou em
entrevista à rede norte-americana “CBS”, que está confiante que terá uma
relação melhor com Trump do que com Barack Obama. “Conheço muito bem Donald
Trump. Acredito que sua atitude, seu apoio a Israel está claro. Ele tem
sentimentos muito claros sobre um Estado judeu, sobre as pessoas judaicas, não
há dúvidas sobre isso”, afirmou.
Falando à Fox News
no domingo (11), Trump disse confiar que seu genro Jared Kushner poderia “fazer
a paz no Oriente Médio”. Kushner é um judeu ortodoxo e foi cogitado para
assumir um posto de primeiro escalão a partir de 2017.
Irã
fala em guerra
A aproximação de
Trump com Israel está deixando os
governos islâmicos muito irritados. O representante da Palestina
na ONU, Riyad Mansour, ameaçou que tornaria a vida “miserável” para os EUA caso
a embaixada saia de Tel Aviv. Ele também não admite a fala
de Trump de usar o termo “unificada”, o que seria uma pá de cal
nas pretensões palestinas de dividir a cidade, caso venham a ser reconhecidos
como Estado independente pela ONU.
O ministro da
Defesa do Irã, Hossein Dehghan, afirmou neste domingo, que a ameaça do novo
presidente americano em suspender o pacto nuclear assinado ano passado por
Barack Obama levará o mundo a uma guerra.
Durante a campanha,
Trump classificou o pacto nuclear de “um desastre” e o “pior acordo já
negociado”, anunciando que adotaria uma linha mais dura no trato com o Irã.
“Apesar de ele ser
um homem de negócios, os assistentes que [Trump] escolheu podem traçar um
caminho diferente para ele. Isso pode levar a inquietações, particularmente
entre os países do Golfo”, afirmou Dehgan durante uma conferência de segurança,
em Teerã.
“Os inimigos podem
querer impor uma guerra contra nós com base em dados falsos e só levando em
consideração sua capacidade material. Pois essa guerra significaria a
destruição do regime sionista [Israel], engoliria toda a região e pode levar a
uma guerra mundial”, sublinhou o ministro.
Não é a primeira
vez que esse tipo de discurso
sobre iniciar uma guerra é ouvido no Irã. Em julho, foi
anunciado que eles dispunham
de 100 mil mísseis apontados para Israel.
O governo islâmico
radical acredita que as primeiras consequências da guerra seriam a destruição
das cidades-estados na costa sul do Golfo Pérsico, como os Emirados Árabes
Unidos, o Bahrein e o Qatar. O aviso é claro, uma vez que Teerã e a
maioria dos países do Golfo são aliados aos EUA nas guerras em andamento do
Oriente Médio.
Enquanto os iranianos estão
ao lado da Rússia na guerra civil da Síria e do movimento
Houthi, no Iêmen, os
Estados Unidos apoiam os rebeldes sírios e o governo iemenita. A
oposição das duas superpotências nesses conflitos e as ameaças a Israel parecem
pintar um cenário nebuloso para os próximos meses na região.
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