CRIANÇAS -BOMBA, A NOVA
ARMA DO TERROR
Estado Islâmico usa
crianças a partir dos seis anos para carregar bombas no corpo
por Jarbas
Aragão.
Um dos mais
recentes atentados a bomba na Turquia deixou pelo menos 53 mortos, sendo que 22
eram crianças com menos de 14 anos. Foi durante um casamento na cidade de
Gaziantep, no sul do país.
As autoridades em
princípio esconderam, mas uma fonte próxima ao governo confirmou agora que o
atentado foi realizado por um menino-bomba. A identidade da criança que
realizou o ataque não foi revelada, mas segundo o presidente do país, Recep
Tayyip Erdogan, ela tem entre 12 e 14 anos. Ao que se sabe, a bomba foi ativada
remotamente, ou seja, por alguém que não estava no local e usou algum tipo de
rádio.
Mais de 100 pessoas
ficaram feridas na explosão e foi considerado o ataque “mais cruel” deste ano.
O governo turco reconhece que, pelas características, é de responsabilidade do
Estado Islâmico. Segundo o ministro de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu,
disse nesta segunda-feira (22) que seu país irá intensificar a luta contra os
extremistas tanto dentro da Turquia, quanto na Síria, e prometeu fazer uma
“limpeza” dos jihadistas na fronteira da Turquia com a Síria.
No início desta
semana, outro menino-bomba seria usado em um atentado planejado pelo Estado
Islâmico. Ele carregava explosivos presos ao corpo e se dirigia a um local de
concentração popular em Kirkuk, na região do Curdistão, noroeste do Iraque.
O garoto vestia uma
camisa do jogador Lionel Messi tendo um cinto de explosivos por baixo da roupa.
Estava sozinho e chorava muito quando foi interceptado pelos soldados curdos. O
cinto foi retirado e o menino, preso. Sua identidade não foi divulgada,
mas estima-se que tenha 12 ou 13 anos. Segundo fontes locais, ele foi recrutado
pelos jihadistas do Estado Islâmico.
Um vídeo foi
divulgado mostrando o momento em que o menino, com os explosivos enrolados em
torno da barriga, é seguro pelos policiais. A bomba que ele carregava foi
desarmada. Segundo o jornal Rudaw, horas antes da apreensão do
menino-bomba, ocorreram outros ataques terroristas semelhantes, na mesma
região.
10
mil crianças-soldados
O uso de
crianças-bomba surge como uma alternativa para o Estado Islâmico continuar
espalhando o terror pelo mundo. Eles vêm perdendo soldados diariamente em
ataques da coalizão na Síria e no Iraque. O Wall Street Journal (WSJ) publicou
uma extensa matéria-denúncia, dando conta que jihadistas sequestraram mais de
10.000 meninos nos últimos três anos na Nigéria e no Camarões.
Seguindo o modelo
do Estado Islâmico, as crianças são forçadas a se converter ao Islã e recebem treinamento
militar. Muitos são órfãos de pais e mães cristãos mortos nos ataques do Boko
Haran às aldeias do interior.
Segundo o WSJ, “O
que está acontecendo é parte de um inquietante endurecimento do jihadismo
infantil. Todos eles estão sendo doutrinados para aceitar o fundamentalismo
violento e participar de combates contra adultos. Há entre eles futuros
homens-bomba e espiões”. O jornal vai além, lembrando que as facções da Al
Qaeda no Iêmen, Somália e Mali também estão usando crianças como soldados. Até
agora a ONU não tomou nenhum tipo de atitude em relação a isso.
Felicité
Tchibindat, que dirige a operação da Unicef em Camarões, disse crianças a
partir dos seis anos foram treinadas para carregar bombas em mercados e
mesquitas. Segundo explica, eles não chamam atenção e por isso conseguem
praticar atentados terroristas com mais facilidade. Com
informaçõesBBC