Cristãos
iraquianos ainda temem retornar aos seus locais de origem
Mesmo com a expulsão do Estado
Islâmico, clima é de medo
por Tiago
Abreu
O El País, em
grande reportagem divulgada no último sábado (15), abordou a situação de
cristãos iraquianos após a expulsão do Estado Islâmico (EI) em regiões como
Qaraqosh e Mossul.
De acordo com o jornal, ainda existe um temor da população cristã em
retornar aos seus locais de origem, mesmo com as ofensivas do Exército e as
zonas recuperadas em Qaraqosh, a cidade mais cristã da região.
Em Qaraqosh a maioria das casas seguiram construídas, mas saqueadas e,
muitas, queimadas. Não existem dados exatos da população existente da cidade
antes da chegada do EI, mas estima-se que eram 50 mil pessoas.
De origem étnica assíria, 70% dos moradores eram seguidores da igreja
católica síria, e o restante de católicos ortodoxos. Além disso, também
existiam refugiados caldeus de tradição católica e membros da igreja assíria do
Oriente. A minoria dos residentes em Qaraqosh eram muçulmanos.
“No total, retornaram aproximadamente 150 pessoas. Meu objetivo é ajudar
as pessoas a voltar”, disse Nuri, de 52 anos, que observa os arredores e, antes
da tomada do território, trabalhava com equipamentos sanitários.
Um dos moradores curdos, em Erbil, afirmou que a população não está
segura ali. Já Qais Luis não concorda. “Há segurança. Desde que expulsamos o
Estado Islâmico, está tudo tranquilo”.
Além das casas, templos também foram destruídos, incluindo construções
existentes há séculos e que, hoje, fazem parte dos escombros. Parte do que foi
mantido era utilizado como fábrica de explosivos.
“Sim, temos segurança nacional, mas precisamos de garantias
internacionais. Com a expulsão do Estado Islâmico, não se resolveu o problema
porque embora os combatentes tenham sido expulsos, suas ideias continuam
presentes. É uma questão de cultura, de aceitar o outro, mesmo que ele seja
diferente. A mudança virá pouco a pouco”, disse Nuri, que se preocupa com o
futuro de sua família.
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