Grupos
terroristas palestinos decretam guerra pelo Monte do Templo
Mais de uma centena ficaram
feridos em confrontos com a polícia
por
Jarbas Aragão
Já dura três semanas a “crise do Monte do Templo”, que reabriu velhos
debates sobre a quem pertence o monte Moriá, no centro da Cidade Velha de
Jerusalém. O local já abrigou duas versões do Templo, o original, erguido por
Salomão e o que foi remodelado por Herodes e estava de pé nos dias de Jesus.
Durante a ocupação do Império Otomano sobre Israel, no local foram
construídas duas mesquitas, Al-Aksa e o chamado Domo da Rocha, com seu teto
coberto de ouro. Para os muçulmanos, o local se chama “Esplanada das
Mesquitas”. Segundo as decisões recentes da UNESCO, pertence
apenas a eles e não tem nenhuma ligação com os judeus.
Mesmo após o governo de Israel ceder à pressão e retirar os detectores de metal e as
câmeras, instalados após os atentados ocorridos no local do dia
14, os conflitos dos islâmicos com as forças de defesa israelenses continuaram
nesta quinta-feira (27). Foi divulgado que o embate deixou pelo menos 115
muçulmanos e 10 policiais israelenses feridos após os confrontos.
Segundo o site judeu Ynet
News, os palestinos lançaram pedras contra os policiais e
declaravam “guerra” ao domínio de Israel sobre o local, considerado o terceiro
mais sagrado no Islã.
Enquanto as tensões continuam a aumentar, líderes dos grupos terroristas
Hamas e Fatah conclamavam por mais um ‘dia
de fúria’ na entrada do Monte do Templo. “Se as
coisas não se acalmarem, isso pode acabar em um grave desastre”, disseram
manifestantes.
Omar Qaswani, chefe da Mesquita Al-Aqsa, que fica no alto no Monte,
reiterou reclamou que “as forças de segurança israelenses estão oprimindo os
adoradores muçulmanos”.
Atendendo a convocação dos líderes religiosos, dezenas de milhares de
seguidores de Maomé chegaram para orar no entorno do local. Em meio
aos confrontos, jovens subiram ao telhado da mesquita Al-Aqsa e acenaram
bandeiras palestinas. Muitos atiravam pedras e garrafas contra os policiais.
O Mufti de Jerusalém, Muhammad Hussein, convocou os muçulmanos que vivem
em Israel a irem para a oração no Monte do Templo nesta sexta-feira, dia
sagrado para sua religião.
Cronologia dos conflitos
14/07
Três árabes-israelenses matam dois policiais israelenses na Cidade Velha
de Jerusalém, antes de serem perseguidos e mortos na Esplanada das Mesquitas.
Israel garante que as armas usadas no ataque tinham sido escondidas na
Esplanada. Por essa razão, tomou a decisão excepcional de fechar por dois dias
o acesso ao terceiro local mais sagrado do Islã. Essa decisão irritou os
palestinos e a Jordânia, guardiã dos locais sagrados em Jerusalém.
Dia 15
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decide instalar
detectores de metal nas entradas da Esplanada e anuncia a sua reabertura para o
dia seguinte.
Dia 16
A Esplanada das Mesquitas é reaberta ao público, mas os muçulmanos se
recusam a entrar no local em razão das novas medidas de segurança. Em protesto,
centenas de pessoas realizam suas orações do lado de fora.
Dia 20
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, se junta aos líderes
palestinos para pedir a Israel a retirada dos detectores de metal.
Dia 21
Dia da grande oração islâmica semanal, a polícia israelense proíbe os
homens com menos de 50 anos de entrar na Cidade Velha. Centenas de pessoas
participam da oração perto da entrada da Cidade Velha.
Os confrontos passam a ser diários entre palestinos e as forças de
segurança israelenses em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia. Em dois dias,
cinco palestinos são mortos nos confrontos entre manifestantes e as forças de
segurança israelenses. Três israelenses são mortos por um palestino em uma
colônia israelense na Cisjordânia.
Dia 25
À noite, depois de intensa pressão da comunidade internacional, que teme
uma escalada, o governo israelense decide parar de usar os detectores de metal
nas entradas da Esplanada. Ele indica que vai substituir esse sistema por “uma
inspeção de segurança com base em tecnologias avançadas e outros meios”. Os
detectores de metal são removidos. As autoridades muçulmanas mantêm o boicote
ao local santo.
Uma fonte do governo jordaniano relata um “acordo” sobre a Esplanada das
Mesquita entre Jordânia e Israel, o que permitiu o retorno a Israel de um
diplomata acusado de matar dois jordanianos após ser atacado na Embaixada de
Israel no dia 23.
O presidente palestino, Mahmud Abbas, anuncia a paralisação da
cooperação com Israel. Confrontos entre manifestantes palestinos e forças
israelenses acontecem perto da Cidade Velha de Jerusalém, que deixam 13
palestinos feridos. O presidente Erdogan pede aos muçulmanos de todo o mundo
que “visitem” e “protejam” Jerusalém.
Dia 27
A polícia israelense anuncia a retirada dos últimos elementos do novo
dispositivo de segurança. Grades e andaimes, onde estavam instaladas câmeras de
vigilância, são removidos nas primeiras horas pelas autoridades israelenses. Os
palestinos decidem encerrar o boicote e milhares de fiéis muçulmanos entram na
Esplanada para a oração da tarde. A Jordânia saúda a decisão israelense como
“um passo para o apaziguamento.”