VEREADORA CATÓLICA REJEITA LEITURA DA BÍBLIA NA
CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA (SP)
Uma atitude da vereadora de Araraquara (SP) Thainara Faria (PT) na primeira sessão do ano legislativo na Câmara Municipal da cidade surpreendeu os demais colegas.
A jovem política, que é assumidamente católica, comunicou aos demais que não participaria do rodízio diário para ler um trecho da Bíblia no início dos trabalhos, contrariando, assim, o regimento interno.
“Quis me posicionar na Câmara porque sou católica, mas estou aqui para servir ao povo e à Constituição. E lá está previsto que o nosso Estado é laico”, justificou.
Thainara é estudante de direito e a primeira mulher negra a assumir uma cadeira na Câmara de Vereadores de Araraquara, além de ser a mais jovem da história a ser eleita para o cargo.
Ela defende que as entidades governamentais têm de ser neutras em relação às religiões, sem discriminar nenhuma delas.
“A Casa do Povo não pode ter religião, é absurdo. É como dizer que o Brasil é só de católicos ou de evangélicos. Ao ler apenas trechos da Bíblia, estamos excluindo parcelas da população que não seguem o Evangelho”, diz Thainara.
Na tribuna, Thainara disse que, se a Câmara insistir na leitura da Bíblia, ela vai defender que se leia também trechos do Corão, do evangelho africano, de livros kardecistas e da literatura ateísta.
“A Casa do Povo não pode ter religião, é absurdo. É como dizer que o Brasil é só de católicos ou de evangélicos. Ao ler apenas trechos da Bíblia, estamos excluindo parcelas da população que não seguem o Evangelho”, ressaltou a vereadora.
Vereador se recusa a ler salmo
O vereador Daniel Finizola (PT) causou polêmica esta semana após recusar-se a ler um salmo durante uma sessão extraordinária da Câmara de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. O vereador de primeiro mandato pediu um minuto de silêncio para que os outros membros da casa fizessem uma reflexão sobre a condição de laicidade do Estado.
"O estado é laico e não temos religião oficial. É preciso entender que a Casa é democrática e deve se pautar em princípios constitucionais", afirmou Finizola, em conversa por telefone com o NE10 Interior. O vereador também afirmou que não é contra o momento de caráter religioso, mas que o objetivo do pronunciamento foi provocar o debate e sugerir aos colegas que se possa ler outros textos contemplando outras religiões, como as de matrizes africanas, por exemplo.
Após comentários de que era ateu e até satanista, Daniel afirmou que não tem uma religião definida, que carrega valores cristãos e é simpático a religiões de matrizes africanas.
De acordo com o presidente da Câmara de Vereadores, Lula Tôrres (PDT), a leitura não está prevista no regimento interno da Casa, nem na lei orgânica. Trata-se de uma tradição, cumprida sempre no início e ao fim das sessões. "Estou na Câmara há quatro mandatos e antes de assumir já assistia algumas sessões e tinha a leitura do salmo", afirmou.
Sobre a atitude de Daniel Finizola, o presidente da Casa, que é católico, disse que respeita a manifestação. "O salmo não especifica a religião. É um dos livros da bíblia que o católico usa, o evangélico e o espírita. A Câmara nunca teve a intenção de induzir [a religião]", afirma. Ainda de acordo com Lula Tôrres, caso a maioria dos vereadores ache por bem abolir a leitura, não haveria problema, assim como ninguém seria contra caso algum vereador pedisse para professar sua fé.
O presidente acredita que a grande preocupação dos parlamentares é desempenhar bem o trabalho. "A gente está com muita expectativa, temos uma Câmara renovada, com um futuro muito bom pela frente. Daniel vai nos ajudar muito; é jovem, inteligente e tem condições de fazer um bom trabalho", disse.
Após o término do minuto de silêncio solicitado por Daniel, o presidente convidou outro vereador para ler o salmo.
Fonte: Pragmatismo Político e NE10
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