COMBATE À IDEOLOGIA DE
GÊNERO É BANDEIRA IMPORTANTE PARA CANDIDATOS A VEREADOR
Marisa Lobo e
Márcia Teixeira querem fazer o enfrentamento na esfera política
por Jarbas
Aragão.
O processo de
redemocratização no país nas últimas décadas viu o cenário político tornar-se
mais plural, com representantes de diferentes segmentos da sociedade buscando
cargos eletivos. Recentemente a revista VEJA fez um levantamento que constatou
o aumento do número de candidatos nas eleições deste ano que usam títulos
religiosos.
São 250 ao todo,
pleiteando vagas aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador de todas as
capitais brasileiras. No total, são 195 “pastores”, 33 “missionários”, 14
“bispos”, sete “apóstolos” e um “presbítero”.
Por outro lado, um
levantamento divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais
(ANTRA) e pelo jornal Folha de São Paulo, os candidatos “trans” passaram de 31 em
2012 para 84 nesta eleição. Distribuídos em 25 partidos
diferentes, a grande maioria tem como bandeiras declaradas a luta contra o
“preconceito” e a preocupação com questões da saúde dos transexuais.
Um terceiro grupo desponta
nesse cenário político este ano. Cristãos preocupados em combater as agendas de
esquerda, sobretudo a da ideologia de gênero. Eles não usam necessariamente um
título eclesiástico, mas sua motivação é igualmente defender os valores
bíblicos, em especial os da família tradicional.
Conhecida pela sua
luta nessa área há muito tempo, a psicóloga clínica Marisa Lobo concorre a
vereadora por Curitiba, pelo partido Solidariedade. Pesquisadora do assunto,
escreveu o livro “A Ideologia de Gênero na Educação”, onde procura fazer um
alerta sobre a desconstrução de valores promovida por movimentos feministas e
LGBTs junto às escolas do país.
Em conversa com o
Gospel Prime, ela explica que sempre teve o sonho de “fazer diferença no país”.
Marisa viu o movimento das 10 Medidas pela Corrupção nascer na igreja Batista
que frequenta, a mesma do procurador Deltan Dallagnol, um dos líderes das
investigações da Lava Jato. Envolvida com a questão, faz do
combate à corrupção uma de suas bandeiras de campanha.
Contudo, a sua luta
mais acirrada é com a questão da ideologia de gênero, tendo participado de 60
audiências públicas por todo o país. “Sou a psicóloga que mais enfrentou essa questão.
Já palestrei nas principais capitais do Brasil. Além de sete prefeituras que
conseguimos revogar ou vetar a imposição de ideologia de gênero”.
Marisa deseja ser
vereadora por acreditar que tem muito a contribuir, pois tem ampla experiência
no combate às drogas. Ela sempre esteve envolvida em lutas sociais, como o
combate à pedofilia, a exploração sexual de crianças e a violência doméstica.
“Estamos vivendo um
momento crítico em nosso país e estamos vivendo uma confusão nas políticas
públicas. Nós temos de lutar e assim que for eleita vamos fazer um movimento de
fiscalização das cartilhas distribuídas nas escolas. Minha candidatura vem
apenas consolidar minha trajetória, pois trabalho na política a muito tempo e
sei do que precisamos”, enfatiza.
No Rio de Janeiro,
Márcia Teixeira, que concorre à vereança pelo PSD, segue uma linha similar.
Esposa do apóstolo Ezequiel Teixeira, deputado federal pelo PTN do Rio de
Janeiro, ela já foi vereadora em outras legislaturas.
Ela explicou ao
Gospel Prime que decidiu voltar a concorrer por entender que é sua obrigação
defender os valores bíblicos na esfera pública. Fundadora da Igreja Projeto
Vida Nova ao lado do marido, optou por não usar o título de pastora na
campanha.
A ideologia de
gênero é uma das suas grandes preocupações, pois sempre lutou pela preservação
da família. “Esse absurdo vem querendo se impor sobre as nossas famílias. As
crianças são as mais vulneráveis à essa diabólica manipulação, que não pode ser
aceita pelos pais e muito menos pelo poder púbico. Como pode o ser humano
escolher o sexo que quer ter? Isso é uma aberração! Querem aniquilar a família
como imagem de Deus,” lamenta.
Márcia acha
inadmissível que a filosofia LGBT queira doutrinar as crianças, em especial
quando isso é sancionado pelo poder público. Lembra que o exercício do poder
familiar está na Constituição, e, portanto, o Estado não pode interferir.
“Nossa luta será
sempre pela preservação das famílias, para que os pais e responsáveis não sejam
impedidos de educarem seus filhos e muito menos sejam obrigados a conviver numa
sociedade desvirtuada de valores morais. Essa agenda LGBT quer influenciar o
comportamento da sociedade como um todo. Nós, cristãos, não podemos aceitar
isso”, afirma.
Não são apenas as
candidatas que levantam a bandeira da luta contra a ideologia de gênero nas
campanhas este ano. Em diversas cidades do país há homens que também desejam
fazer esse enfrentamento no campo político.
O bispo Aroldo
Telles é um deles. Pastor com 30 anos de ministério, ele concorre este ano pelo
PSC a uma vaga na Câmara de Cuiabá. Já presidiu o conselho de pastores do Mato
Grosso e explica que decidiu estender sua atuação.
Além de esclarecer
a igreja sobre as questões políticas que afetam diretamente a vida dos
cristãos, está disposto a lutar na câmara municipal contra tudo que afronta e
ameaça “a vida e os valores cristãos”. Além de combater a ideologia de gênero,
ele acredita que como cristão precisa se opor à imposição do chamado “marxismo
cultural” que vai frontalmente contra os preceitos bíblicos.
Em sua campanha
este ano recebeu apoios de peso, como a do pastor Marco Feliciano
(PSC/SP). Ele possui um histórico de lutas que incluem a participação no
Movimento pela Ética na Política e no Movimento pela Ética da Família. Sua
preocupação é com a imposição nas esferas públicas de uma série de bandeiras de
movimentos esquerdistas, como a liberação do aborto e das drogas, além do casamento
gay.