JOVENS DORMEM NA RUA PARA
SENTIREM O MESMO QUE SEM-TETO
Eles fazem parte de
um projeto franciscano e fizeram votos de pobreza, obediência, castidade e
disponibilidade
por Leiliane
Roberta Lopes.
Mais de cem jovens
aceitaram a missão de sentir na pele o que passam os moradores de rua de
Florianópolis. Participantes da missão Anawin, o projeto franciscano atraiu
quem deseja sentir o mesmo que os sem-teto.
As baixas
temperaturas da capital catarinense não afastaram 110 jovens vindos de várias
cidades do Sul do país, sendo que muitos são universitários ou estudantes
recém-formados.
A organizadora da
missão, irmão Maria Dolores, afirma que o projeto mostra que não há pessoas
melhores ou piores que as outras.
“Nada nos
diferencia. Não somos melhores. Se existem prediletos são os pobres”, disse.
“É a lei cristã do
amor e da caridade vivida ao extremo. Vemos Cristo nas prostitutas, nos
mendigos, nos presos. Dizemos que o pobre é nossa obra. E não só os pobres da
matéria. Também buscamos os pobres de espírito. Aqueles que têm tudo, mas não
têm nada, por que perderam o sentido da existência. Acho que esse radicalismo
que atrai os jovens”, completou ela.
A vida das ruas é
diferente do dia a dia deles, na última sexta-feira (15), por exemplo, os
jovens que dormiram no Terminal Rodoviário Rita Maria presenciaram brigas entre
os moradores de rua.
Apesar do frio e
dessa realidade tão cruel, para Marcelo Oliveira, 21 anos, o mais difícil foi
sentir a fome. “Foi muito difícil. Passei frio e me assustei. Vi três ratos tão
grandes que pareciam cães. Mas acho que o pior foi a fome”, disse ele ao UOL.
Como
vivem os franciscanos
Quem entra para a
fraternidade franciscana faz votos de pobreza, obediência, castidade e
disponibilidade.
A ordem foi fundada
em 1210 por Francisco de Assis, filho de nobres italianos, ele adoeceu durante
a guerra e recebeu um chamado divino que o fez abdicar de toda a riqueza que
possuía.
Francisco viveu para
ajudar enfermos e miseráveis e ao lado de doze discípulos iniciou a ordem que
até hoje tem atraído jovens e adultos em todo o mundo.
A jornalista
Gabriela Ribeiro da Costa, 23 anos, está decidida a se juntar aos franciscanos
e se prepara para fazer o juramento para abdicar de tudo que ele poderia
conquistar na vida.
“Quando contei [que
iria para a fraternidade], meu pai começou a chorar. Não deixa de ser uma
perda. Receberei até um novo nome. Mas não consigo negar minha vocação. Não
quero pregar para as pessoas coisas que eu não vivo. Quero ter, como São
Francisco, um coração desprendido”, disse a jovem ao UOL.
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