PASTORES QUE COMPARTILHAM SUAS FALHAS TÊM
CONGREGAÇÕES “MAIS SAUDÁVEIS”
Líderes
religiosos que falam abertamente sobre suas deficiências estimulam membros a
fazerem o mesmo
por Jarbas
Aragão
Quando os líderes religiosos admitem suas
limitações e demonstram fraquezas, isso colabora para a saúde mental da
congregação como um todo. Essa é a conclusão de estudos feito com sacerdotes
católicos e evangélicos nos últimos anos.
Os participantes relataram sentir-se muito
pressionados a serem constantemente “modelos” e que só procuram ajuda para
lidar com isso como “último recurso”.
Peter Hill, da Universidade de Biola, na
Califórnia, conta que sentiu-se desafiado a estudar o assunto quando o novo
pastor da igreja que ele frequenta passou mais da metade do seu primeiro sermão
falando sobre as dificuldades que enfrentava no ministério. No final, pediu
paciência e apoio à congregação.
“Eu não acho que existe um dom mais poderoso que
eles podem oferecer às suas congregações que admitir suas próprias limitações”,
disse o estudioso. Hill não é o único a se interessar pelo assunto.
Ele compilou várias tentativas de se entender os
efeitos dessa postura, em matérias elaboradas por psicólogos.
Em 2012, um estudo concluiu que 28% dos
pastores sentiram-se em algum momento de sua trajetória, tentados a desistir do
trabalho na igreja por causa de cobranças exageradas e críticas severas sobre
seu desempenho, mesmo que isso viesse de apenas alguns membros da congregação.
Uma fração desses líderes realmente abandonou os púlpitos.
Durante um levantamento paralelo, 1500 pastores
foram entrevistados pelo departamento de psicologia da Universidade Duke, nos
EUA, sobre as dificuldades que sentiam no desempenho de sus profissão. Dez por
cento queixou-se de “solidão” e da sensação constante de fracasso.
Já 20% dizia sentir-se “parcialmente isolado”
embora lidassem com um grande número de pessoas no dia a dia.
Outro estudo, da Faculdade de Psicologia da
Universidade de Ciências Sociais e Humanidades em Katowice, Polônia, ouviu
sacerdotes católicos com idades entre os 32 e os 75 anos. Em linhas gerais, a
conclusão é que todos eles se cobravam demais e isso os prejudicava.
“Um padre deve apenas comer, respirar, celebrar a
Missa, ouvir confissões e orar. Ele não tem o direito de beber cerveja,
socializar, ou dar um passeio com uma mulher. Certa vez, passei com minha irmã
por uma vila e ouvi pessoas me ofendendo”, disse um dos sacerdotes que foram
entrevistados.
A maioria dos clérigos relata ter dificuldades em
serem “abertos e honestos” ao falar publicamente sobre suas limitações, embora
acreditem que isso beneficiaria tanto a si mesmo como as suas comunidades.
Os pesquisadores poloneses sugeriram que os
Seminários oferecessem aulas de psicologia para que os alunos fossem
encorajados a saber onde e como procurar ajuda. Além disso, os sacerdotes devem
ser encorajados a estabelecerem suas próprias redes de apoio social e estarem
abertos para cuidar de sua saúde mental.
Uma pesquisa mais recente, focada em
pastores de megaigrejas – com mais de 2 mil membros – descobriu que os fiéis
apreciam quando seus líderes se mostram dispostos a compartilhar suas próprias
falhas.
Realizado pela Universidade da Virgínia Ocidental
em parceira com a Universidade de Washington, o estudo ouviu frequentadores de
12 megaigrejas. A esmagadora maioria disse que era importante quando o pastor
tratava os outros como “iguais” e mostrava-se disposto a compartilhar suas
falhas pessoais ao invés de mostrar que tinha uma vida “perfeita”. Com
informações de Huff Post
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